Goiás também conhecida como Cidade de Goiás ou Goiás Velho foi reconhecido em 2001 pela UNESCO como sendo Patrimônio Histórico e Cultural Mundial por sua arquitetura barroca peculiar, por suas tradições culturais seculares e pela natureza exuberante que a circunda. Goiás se localiza em terreno bastante acidentado onde se destacam a Serra Dourada e os Morros de São Francisco, Canta Galo e das Lages. O clima é caracterizado por dois períodos distintos: um seco, com ausência quase que total de chuvas no inverno, que vai de maio a setembro e outro chuvoso, com abundância de águas, no verão que vai de outubro a abril. A temperatura média anual é de aproximadamente 23 graus. Sua população fica em torno de 25.000 habitantes de acordo com o IBGE de 2010.
Goiás Velho preserva cultura, arquitetura e tradição; temos a sensação que a cidade estacionou no tempo, ela nos remete ao século passado e o dia parece passar mais devagar. Caminhando pela cidade podemos apreciar belas casas, prédios e monumentos, um povo cortês cumprimentando ao passarmos e homens montados em seus cavalos seguem nas ruas de calçamento de pedra. Tradicionalmente, durante a Semana Santa, à meia-noite da "Quarta-Feira das Trevas", é realizada a Procissão do Fogaréu, que simboliza a busca e a prisão de Cristo pelos romanos. Há mais de 200 anos, 40 farricocos (fiéis encapuzados), que simbolizam a caça inquisitorial a Cristo, saem pela cidade completamente apagada e percorrem, descalços e empunhando tochas, as ruas do centro. O ato dura cerca de duas horas e reúne cerca de 15 mil pessoas.
É muito interessante andar pelo Centro Histórico de Goiás Velho e perceber que os órgãos públicos, as agências bancárias e outras instituições, também preservam as fachadas originais dos prédios.
Esta casa, conhecida por ter abrigado a mais famosa moradora da cidade, foi construída na segunda metade do século XVIII, sendo uma das primeiras construções edificadas na antiga Vila Boa de Goiás. Foi comprada pela família da escritora Cora Coralina no início do século XIX, ainda na infância de seu avô. A construção apresenta características típicas da arquitetura residencial desenvolvida no Brasil colônia. Composta por duas residências unidas por um único telhado, a construção de madeira tem paredes de pau-a-pique e adobe, criando asim, uma muralha de segurança contra as águas do Rio Vermelho. A Fundação Cora Coralina montou em uma parte da casa um museu dedicado à memória da escritora. Lá funciona também um miniauditório e a sede regional do Pró-ler.
A Praça Dr. Brasil Caiado é a maior da cidade, nela se encontra o Chafariz de Cauda, construído em pedra com detalhes em pedra-sabão, pelos escravos em 1778 para abastecer a Cidade de Goiás. O Chafariz faz parte de um dos conjuntos históricos mais antigos e valiosos da Cidade de Goiás, é o único de Cauda do país. No entorno da praça se encontra o Museu das Bandeiras, o Quartel do XX, o Colégio Sant'Ana e diversas casas e prédios históricos. Outra praça bastante movimentada é a Praça Dr. Tasso de Camargo ou Praça do Coreto. Antigamente, a praça era um lugar de encontros para os governantes, coronéis e pessoas que faziam parte de grupos sociais como médicos e militares. Eles se reuniam para comícios e encontros sociais, e às vezes para anunciar fatos importantes. Na praça existem diversos bares e lanchonetes, "point" dos vilaboenses, tem inclusive, uma sorveteria que funciona embaixo do coreto desde 1952. Defronte à praça fica a Catedral de Sant'Ana.
O Museu das Bandeiras foi construído entre 1761 e 1766, durante o reinado de D. José e administração do governador goiano João Manoel de Melo para abrigar a Casa de Câmara e Cadeia, com projeto enviado pela corte especialmente para esse fim. Esse projeto, que se encontra atualmente no Arquivo Nacional Ultramarino em Lisboa, Portugal, tem uma cópia exposta no saguão de entrada do museu. Na década de 50, algumas modificações foram feitas ao ser transformada em museu para facilitar o acesso dos visitantes às celas. Entre elas, a aberturas de portas e a construção de sanitários e de dependências para os serviços de apoio. O Museu das Bandeiras conta em seu acervo com instrumentos utilizados no garimpo e peças de porcelana que marcam a história da presença portuguesa na Cidade de Goiás. Há também várias peças de mobiliário e demais utensílios, além de painéis que caracterizam a história da exploração dos bandeirantes na região nos séculos XVIII e XIX. A partir de 2006, o museu passou a exibir a original Cruz de Anhanguera.
Goiás Velho possui uma grande herança religiosa, são várias igrejas que fizeram história através dos últimos séculos.
- Igreja Nossa Senhora da Boa Morte (Museu de Arte Sacra): Sua construção foi iniciada pelos militares, que não puderam concluí-la devido a uma proibição real que os impedia de serem proprietários de igreja. Tendo sido doada à Irmandade dos Homens Pardos, sua construção foi concluída em 1779. No ano de 1921, um incêndio destruiu o altar-mor, a sacristia e ainda várias imagens de madeira atribuídas ao escultor Veiga Valle. Em 1969 a Igreja passou a sediar o Museu de Arte Sacra da Boa Morte. É o único edifício da cidade que apresenta elementos característicos do barroco em sua fachada e é de sua porta principal que sai, toda quarta-feira de trevas da Semana Santa, a Procissão do Fogaréu. Desde 1969, a igreja abriga o Museu de Arte Sacra da Boa Morte, que possui imagens sacras de vários autores, com destaque para o artista Veiga Valle. Coroas, cálices, castiçais, tocheiros e lampadários dos séculos XVIII e XIX, peças de origem portuguesa e telas com temas religiosos completam o acervo.
- Igreja Matriz de Santana: Catedral da cidade de Goiás, a Igreja de Santana começou a ser construída em 1743 pelo Ouvidor Geral de Goiás, Manoel Antunes da Fonseca, que resolveu demolir a antiga capela que existia no mesmo lugar para edificar outra compatível com crescimento da cidade. A igreja foi planejada para comportar três vezes mais pessoas que a Catedral do Rio de Janeiro. Como a obra fora construída de maneira muito precária, em 1759 todo o seu teto desabou, e a população foi obrigada a arcar com os custos da recuperação. Com uma história de inúmeras reformas e reconstruções, teve seu projeto alterado diversas vezes e só em 1998 a igreja foi restaurada pela Diocese de Goiás em parceria com o IPHAN.
- Igreja de São Francisco de Paula: Esta foi a terceira Igreja construída na cidade de Goiás. Tendo sido concluída em 1761, ela é hoje sede da Irmandade do Senhor dos Passos. Sua fachada apresenta a mesma simplicidade dos outros templos da cidade. Os forros, tanto da nave quanto da capela-mor, foram pintados por André Antônio da Conceição em 1869.
- Igreja de Nossa Senhora da Abadia: Um dos melhores exemplares da arquitetura religiosa da cidade de Goiás, a Igreja de Nossa Senhora da Abadia foi edificada no final do século XVIII pelo padre Salvador dos Santos Batista. O sofisticado forro da nave, pintado por um autor anônimo, representa Nossa Senhora em meio a um grupo de anjos.
- Igreja de Nossa Senhora do Carmo: Com uma arquitetura bastante simples e dimensões modestas, está situada entre o Hospital de Caridade e edifícios residenciais. Teve sua construção iniciada no século XVIII pelo Secretário de Governo Diogo Luiz Peleja. Porém, devido à falta de recursos, a obra foi doada à Confraria de São Benedito dos Homens Pardos Crioulos, que a concluiu e ocupou em 1786. Atualmente é utilizada apenas na Festa de Nossa Senhora do Carmo.
- Igreja da Nossa Senhora da Aparecida: A Igreja de Nossa Senhora de Aparecidda foi construida em 1910 e está localizado no Povoado de Areias a dez quilômetros da Cidade de Goiás, na GO-070.
- Igreja de Santa Bárbara (Oureiro de Santa Bárbara): Iniciada por Cristóvão José Ferreira em 1775, foi concluída cinco anos depois. Com uma fachada extremamente simples, essa Igreja foi construída em blocos de pedra-sabão e adobe. É alcançada por uma escadaria de 52 degraus, que teria sido também de pedra-sabão, mas que posteriormente foi substituída por cimento. Atualmente a edificação se encontra em estado precário, sendo aberta apenas para a festa da padroeira, no mês de dezembro. Localizada na saída da cidade para o norte, a Igreja oferece uma das mais belas vistas da cidade.
- Igreja de Nossa Senhora do Rosário: Construída em 1761, foi demolida e refeita em 1934 por padres dominicanos, que alteraram elementos da fachada original. Ao lado da igreja funciona um convento dominicano.
A cidade oferece várias opções de comida típica, mas a recomendação é para o Restaurante Braseiro, o preparo é feito em panela de ferro e fogão à lenha, a comida fica com um verdadeiro sabor campeiro.